O grito, destilado dos ouvidos remotos, dos contornos cegos
em torno do meu espaço...
O começo da ponte em seu trajeto sem final,
Era a minha alma descalça, torrente, no grito da noite de um
crime nas raízes da terra, quando a alma é jardim....quando o ceifador são as
fantasmagóricas irrealizações, nas ânsias dos tempos remotos, remoto o controle
que ainda tenho de mim...
A ponte sem sentido e o espaço sem fim abrigado em meu
peito... o torrencial defeito do linguajar, e a impronuncia imprópria das
palavras certas na recorrente hora marcada... A maldita hora de jantar!
Um grito de fome,
Um grito de desterro,
Um grito sem sim...
Sem sinal de volume torrencial...sem final.... continuo,
estridente, e melancólico...
Somos assim, sem vozes no meio da noite surda, alcoólicos
pouco anônimos e mudos, sem forças no meio da vida presa num cinzeiro
chinês,
sem certezas no meio no trilho do trem vagarosamente vagão,
alucinadamente refém...
Um pouco ateu, um pouco pagão
Deformados os deuses em delírios antropozoomórficos
Quando sua verdadeira face é a solidão
O trilho sem trem
E o amor que ninguém tem
Somos um só e mais do que cem, um andarilho no bascular do
meu peito carrilhão, um tormento belicoso no meio termo de uma pedra preciosa,
gasta, machucada....em um minuto de demência, sinto em minhas mãos peladas as
consequências da vida sem tino, sem tina, sem amórficos campos de escape nas
sobre doses de morfinas...maquiadas, enfeitadas, diluídas, apuradas
sinteticamente como as plantas de plástico no jardim da mesma alma que
penhorada na juventude, na encruzilhada, sem querer encontrou seu fim....
O inicio e o fim
E o mundo inteiro dentro de mim
Caminha assim a alma ampliada,
E o vasto séquito de fantasmas
Dos insucessos queridos
Lobos incompreendidos,
Efeitos surtidos no jardim
A alcateia dos homens
E os fracassos de mim
Sou a vida um tanto nefasta
Porão dos homens covardes
Sou a noite no além e
A voz quando ultrapassa, vasta
Incoerente imensidão, dos
Lumes sinceros de uma vida
Inteira coração
Sou essa alma devassa na frente do espelho, no olor da
carcaça afoita
Implorando perdão
“nao meu filho, nao se machuques mais... viver é uma arte”
E no silencio dos corpos de todos os homens, nos lençóis
sujos de todas as camas que me deitei, nos corredores inóspitos de todos
bordeis que saqueie, sem luvas, sem vestimentas, sem culpas, sem
consciência, inflijo na memória o gosto sublime
do prazer... respiro tudo aquilo que me resta e nada do que nunca saberei.... eles foram todos
embora, todos os homens que nunca
amei... e agora, só me resta o silêncios
dos corpos empalhados no corredor... desvanecidos todos os feitiços, o cheiro
de carne exorando uma absolvição... todos eles, esperando o julgamento final...
E no osso roído dos meus dedos vencidos a pena
Sentenciado escrevo
Pecado original
Nenhum comentário:
Postar um comentário