E dentro dessa barriga de tempo aberta entre nós
Eu vi meu paradeiro, para além das ribanceiras tais
Eu vi os teus olhos na janela sobre o pórtico das estátuas
Negras, imortais...
Eu vi os ais dos teus medos todos partilhados juntos as
cartas
Na mesa, junto as fichas gastas apoiadas sobre o veludo
verde da távola
Apostam os amore futuros para pagar as dívidias dos amores do
passado
Eu vi nos teus olhos o precipício,
E nas tuas lágrimas o meu medo de saltar
Vi que dentre as flores das nossas palavras,
Era na respiração dos silêncios que o espinho saltava
Sou inteiro e fraco,
Sou forte e vacilante
Sou a paz do claustrofóbico
Sou o laço angustiante
Vivo o pedaço mais longínquo de mim
Nao sei como nao me perder
E tenho em teus braços o timão da direção amena
Eras doce, porem sátiro,
Eras amargo e também fálico
Eras o princípio do tempo para não se preocupar mais
Não sabia estar ao teu lado, simplesmente por não saber
mentir
Dizendo a verdade...não sabia dizer que podia estar dentro
de ti
Uma única vez, para sempre da mesma forma, constante e
liberal...
Não sabia dizer que amava por entender ser maior o peso da
culpa
De se amar fazendo sofrer do que se deixar ser amado sem
culpa de ser
Estou livre libertamente preso em ti, agarrado feito um
fantasma na sepultura dos olhos do mundo passado...
a névoa se dissipa e veste-te como um manto beatificado
Pelo afeto e pela comunhão
São apenas palavras arranhadas numa lápide de dias mortos,
O tempo passado
Apenas entranhas sendo expurgadas pela luz do Sol
Mas ainda mais sincero do que nunca
Por esse instante milagroso que seja
Sejamos mais do que pó, e mais do que doenças rabiscadas na
lousa do nosso coração
Sejamos cardíacos e esquizofrênicos sobre a luz pálida do
luar visceral em prontidão felina
O laço e o cordão
O laço e o cordão
E um abraço de um amigo querido nos porões inóspitos da
infatigável
Impenetrável
Insondável solidão
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